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Mario Ferraro diz "Ópera é um gênero bastante flexível, ao ponto de se adaptar a quaisquer modelos"

Writer: Ana Clara ThomazAna Clara Thomaz

Mario Ferraro, professor de música do CAP-UFRJ e compositor de Música de Concerto e Ópera, que participou da mesa “Novos formatos da ópera​” - você já pode assistir aqui - fala em uma mini entrevista sobre sua profissão e sobre ópera online.

Você tem uma longa carreira na licenciatura e já atua como professor há mais de 15 anos. Qual a maior dificuldade de lecionar música em um país como o Brasil?


A princípio, ser músico brasileiro já nos traz, por si só, muitas vantagens. Isso eu costumava ouvir de compositores estrangeiros que conheciam e apreciavam a música brasileira, no tempo em que eu morava no exterior. No entanto, quando no nosso dia-a-dia de trabalho como educador musical temos ainda a nobre função de promover e estimular essa tão fantástica criatividade musical que a nossa gente brasileira tem, o ofício torna-se de fato um imenso privilégio! Todavia, os graves obstáculos que nós professores de música encontramos são de toda ordem e comuns aos trabalhadores da Educação em geral, no nosso país, cujas condições de trabalho são frequentemente submetidas a políticas nem sempre saudáveis à manutenção e ao progresso da Educação Pública, laica, gratuita e de qualidade, em que acreditamos.


Você sente que há uma perda de impacto em produções virtuais por não haver uma troca direta com o público? Você acha que seria viável a exibição de um espetáculo como o Medeia, por exemplo, de forma online?


Com a pandemia, ter um vídeo do seu trabalho veiculado nas redes sociais tornou-se uma alternativa possível para os artistas darem prosseguimento à produção e à difusão dos seus projetos. Porém, sabemos que nada substituiu o contato direto, in loco, com o artista em sua função, para que se tenha uma “real experiência” de sua arte. Por exemplo, Medeia enquanto vídeo no YouTube tem seu valor artístico e cultural como um produto de linguagem audiovisual que é, mas que no entanto não substitui absolutamente a experiência de se assistir ao vivo, da plateia, o espetáculo Medeia, um autêntico espetáculo dramático-musical. Na verdade, a Ópera é um gênero bastante flexível, ao ponto de se adaptar a quaisquer modelos e formatos, inclusive aos específicos do cinema ou mesmo de um vídeo do YouTube, por exemplo; tanto que já encontramos na internet uma profusão de vídeos de óperas de curta duração, especialmente concebidas para serem veiculadas na rede e ainda assim de grande potencial artístico e expressivo, como comumente se espera de uma narrativa operística mais tradicional.


Perguntas elaboradas por: Maria Nobre

 
 
 

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