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O que ainda é animal no ser humano e a beleza peculiar de “G de Gato”.

  • Writer: ana salles
    ana salles
  • Oct 15
  • 2 min read

Por Arthur Louzada, da ECO/UFRJ e Observador FIL.


Enquanto o público adentrava o teatro, um narrador-personagem já mergulhava os espectadores na trama. Para emitirem os três sinais sonoros de aviso para o início de “G de Gato”, obra de estreia do Grupo Tumulto no FIL 2025 entre os dias 9 e 11 de Outubro, três pessoas escolhidas aleatoriamente na plateia eram convidadas a miar o mais alto que pudessem. Ao miarem, algumas figuras já presentes no tablado se curvavam, gemendo de medo. Foi logo após essa dinâmica que a peça escrita e dirigida por Felipe Leibold teve início de fato, transportando a plateia para uma isolada pousada onde os hóspedes temem a presença de um animal maligno: o Gato. 


Para a ambientação de um cenário que transcende o campo físico, elementos sonoros foram posicionados estrategicamente sobre o espaço usado. Em especial, uma viola desafinada tocada pela personagem Dejanira, que intensifica o clima misterioso e garante que quem assiste aos detalhes macabros da trama esteja sintonizado na mesma frequência. Visualmente, uma lua rosa quase nunca apagada ao fundo e itens de mobília caracterizam a pousada. O enredo, que aborda questões como os limites da instintividade animal, a ilusória “racionalidade humana”, a ansiedade coletiva sobre o futuro e até o veganismo, é construído de uma maneira surpreendente, equilibrando as tensões com alívios cômicos e progredindo de maneira fluida. 


A caracterização visual parece estar fortemente inspirada nos desenhos animados infantis, com personagens que remetem às coloridas cenas de “Coragem, o Cão Covarde” ou “Scooby-Doo”. Felipe Leibold, criador da peça, diz que esse vínculo não foi proposital a princípio, mas foi precebido ao longo do desenvolvimento dos figurinos e do cenário. 


Por fim, a história não deixa de impactar o público com indagações filosóficas e até mesmo éticas sobre a crueldade humana e sua relação com o que há de mais primitivo no inconsciente. É possível dizer também que “G de Gato” escancara o que nunca deixou de ser animal em nós.

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