Por Maria Rita Garcez
No último domingo (28/03), o 18º Festival Internacional Intercâmbio de Linguagens (FIL) contou com a presença de organizadores de eventos culturais no Encontro de Saberes. Foram convidados para comentar sobre as suas experiências artísticas também para sanar dúvidas sobre o tema da mesa: “Festivais internacionais brasileiros para crianças, uma experiência online”. O bate-papo teve a participação de Dani Hoover (Mini Festival), Michele Menezes (Mostra Espetacular), Clarice Cardell e Luiz André Cherubini (Mostra Primeiro Olhar), Emídio Sanderson (TIC – Festival de Teatro Infantil do Ceará) e Karen Acioly (FIL). O evento foi mediado por Ana Clara Thomaz (equipe de Comunicação do FIL) e contou com a participação dos Observadores FIL, Jean Carlos, Larissa Nascimento e Luana Reis.
(Imagem da transmissão/Reprodução)
A conversa teve início com Dani Hoover explicando como a determinação de um público é importante para poder traçar os primeiros caminhos de criação de um projeto. Após a fala, Emídio comentou sobre a dificuldade de produzir cultura no país. Ele afirma que a Lei Aldir Blanc, regulamentada em agosto de 2020, “foi um suspiro de uma bola de neve que já estava se formando” e alerta que este e o próximo ano serão difíceis para quem deseja ingressar na área.
Sobre a produção infantil, Michele disse que é necessária uma curadoria de conteúdos que se conectem com o público e comenta que “a vontade de produzir pra criança é muito grande, mas a profundidade da pesquisa não é”, mostrando que a área ainda é subestimada. Ao falar sobre como tornar a peça de teatro cativante para os pequenos, Clarice comenta que é importante traduzir as angústias do artista para o universo das crianças.
Os “festivaleiros” comentaram também sobre as suas experiências e aprendizados na organização dos eventos online. Luiz André e Michele concordaram na ideia de que, apesar de não ser o ideal, tendo em vista que a presença é algo sagrado para a arte, os dois conseguiram se readaptar e se conectar com os bebês mesmo de forma virtual. Karen Acioly compartilhou também a sua vivência de ter realizado o FIL online. Para ela, o desafio maior foi proporcionar momentos de reflexão e relacioná-los com o entretenimento. Depois, falou sobre o mundo virtual e a sua instabilidade, podendo ficar fora do ar a qualquer momento, mas adicionou que também houve vantagens: a repercussão do conteúdo e a diminuição de fronteiras foram impressionantes para a diretora geral. Essas seriam as melhores qualidades da internet, já que os vídeos podem ser compartilhados e assistidos em qualquer lugar do mundo. Outra vantagem é que o material fica eternizado na plataforma, podendo ser visto depois.
A mesa foi bastante enriquecedora também para aqueles que desejam criar um festival infantil. Alguns convidados compartilharam dicas acerca do assunto e deram alguns direcionamentos para quem assistia a transmissão. Emídio disse que é necessário dinheiro, escopo, tempo e local. E ainda complementou que o impacto do evento se amplifica quando ele “quebra esse caráter eventual, esse caráter espetacular e passa a agir de uma forma mais contínua onde ele tá atuando”. Mas, para Dani e Michele, a “grana” não é o mais importante e, sim, as parcerias e a mobilização de companhias e pessoas que ajudem na divulgação do projeto.
Ao final, a consideração de Clarice Cardell chamou atenção. Ela declarou que há um tempo atrás era impossível pensar que peças seriam feitas virtualmente, o que mudou completamente com a ida do palco às plataformas online por causa da situação extrema de pandemia, e afirmou: “Esse mundo online não tem volta”. Mas, depois, admitiu que o Teatro vai voltar com força quando tudo puder ser no palco. Não poderia ser diferente a fala da artista, já que o público é a alma de todo show.
Se quiser assistir ao encontro na íntegra, clique aqui.
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