Camille Rocailleux e a arte de refletir o todo a partir da singularidade.
- ana salles
- 2 days ago
- 2 min read
Por Thalita Simas e João Vitor Maio, estudantes de jornalismo da UFRJ e Observadores do Fil.
Em um mundo repleto de guerras, crises humanitárias e problemas socioambientais, como podemos resistir? Como continuar acreditando mesmo quando tudo parece caminhar para o pior? São essas as questões que o espetáculo Muances de Camille Rocailleux busca responder.
A experiência esteve em exibição nos dias 11 e 12 de outubro, no Teatro Ipanema, durante o Fil Festival. Muances é a criação da Compagnie E.V.E.R, fundada pelo artista Camille Rocailleux em 2011.

Camille Roucailleux
A apresentação conta com a projeção de diversas imagens e trechos de documentários em grandes telas, que conduzem o espectador durante a experiência. Essa técnica produz uma espécie de perspectiva 3D ao público, que, juntamente às músicas e sons produzidos pelos artistas, transforma o show em uma imersão completa. No palco, os talentosos multi-instrumentistas Camille Rocailleux, Julia Richard e Mathieu Ben Hassen encantam com seus sons, ritmos e vocais poderosos, capazes de arrepiar e tirar o fôlego da plateia.

O show começa com bastante peso e força, mostrando os problemas que existem em nossa realidade e que apontam para um futuro distópico. Após a exibição de relatos de filósofos como Edgar Morin e Bernard Stiegler, são apresentadas alternativas para as questões pontuadas. A partir daí, as soluções para todos os problemas apresentados estão sendo postas em prática através dos relatos de ativistas e pessoas da resistência ao redor do mundo (as vozes) que o autor utiliza.
"Eu pesquiso muito online e ouço com muita atenção. Eu sou atraído por vozes que parecem sinceras, frágeis, apenas curiosas ou surpreendentes. Não necessariamente as mais barulhentas.”, disse o francês em entrevista ao observador do Fil João Vitor Maio. Através dessas vozes, Rocailleux mostra que, apesar de lidarem com diferentes problemas, há algo que as une: a necessidade de organização, de empatia e de esperança para lutar por um futuro melhor. “Elas (as vozes) revelam algo pessoal, mas também completamente universal e algo que reflete o mundo que vivemos hoje." concluiu o autor da obra.
Ao longo da performance, textos sobre a influência que o ser humano pode ter no meio em que vive são mostrados e passam para o público a sensação de que ele, apesar de não apresentar nenhum poder aparente, é capaz de transformar o mundo ao seu redor com pequenas iniciativas. Os espectadores saem do Teatro Ipanema esperançosos com a perspectiva de um futuro melhor. “É mais que uma performance, os músicos são fantásticos, eles atingem a gente, fazem uma catarse e abrangem toda a questão da reflexão, do ativismo, de tudo que a gente precisa para a humanidade”, disse a espectadora Mara Soto sobre sua impressão de Muances em entrevista à observadora do Fil Thalita Simas.
Todas as formas de arte de Muances são muito bem costuradas entre si, elas estão em perfeita sintonia. Durante todo o concerto, as letras das canções performadas estão diretamente ligadas às imagens documentárias que estão sendo exibidas naquele momento, assim como à potência dos ritmos sendo tocados no palco. É brilhante!
Muances é inovador e necessário. É a hibridização que necessitamos no mundo apressado e urgente de 2025.
Adorei !!! Ótima reportagem 👏🏻