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  • Writer's picturePedro Werneck Brandão

Como uma flor, Sonhos de Papel traz um novo aroma à leitura

Updated: Oct 14, 2019

FIL promove apresentação de espetáculo para bebês a partir de seis meses


Por Eliabe Figueirêdo


Na tarde ensolarada de ontem, sábado (12), o Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, no Humaitá, foi palco de um dos espetáculos da 17º edição do FIL (Festival Internacional Intercâmbio de Linguagens): a Residência Artística Sonhos de Papel/Rêves de Papier.


Registro do espetáculo do último dia 12 (Foto: Allana Marcelle)

A peça começou por volta das 14h e durou cerca de 45 minutos. O ambiente escuro, a plateia acomodada no chão com toda liberdade, temperatura agradável e jogo de luzes bem pensados foram fatores cruciais para a criação de uma atmosfera leve e a sensação de proximidade com os artistas.


A composição não inclui falas, utiliza apenas sons instrumentais e da natureza, o que reforça o uso da imaginação por parte do público. Só uma parte da obra conta com a música “Ndokulandela”, do artista Bongeziwe Mabandla. A letra em xhosa (um dos idiomas oficiais da África do Sul) fala sobre seguir alguém ou algo aonde quer que vá, todos os dias da vida. Podemos entender essa letra como a possibilidade que a leitura nos dá de imaginar diversas tramas e segui-las aonde quer que vão.


O início se dá com a bailarina belga Amel Felloussia e o ator brasileiro Frederico Araújo em um momento de curiosidade por objetos até então “estranhos”: os livros. Depois da descoberta, de abrir, de brincar, de criar música etc., os personagens se tornam cada vez mais íntimos daquele portal que os leva a milhões de mundos tão reais quanto a realidade. A todo o momento, os protagonistas mantiveram uma interação muito forte e marcante com os espectadores através do olhar, o que prendia totalmente a atenção, a cada passo que eles davam.


Já no meio do enredo, é levantada uma torre de livros que libera fitas coloridas que são presas em diferentes pontos do cenário, criando uma rede de conexões. Ligações possíveis para as pessoas viajarem por lugares antes desconhecidos...? Figuras fictícias que se mesclam com a vida, tão verdadeiras são. Variadas relações interpessoais que a leitura nos dá vão surgindo durante a encenação como, por exemplo, uma criança deitada no colo da mãe enquanto ouve um conto ou amigos que leem juntos uma aventura. Talvez um casal se delicie com um romance e tantas outras ligações promovidas por esse ato tão enriquecedor.


Ao final, é proposto um bate-papo sobre o que aconteceu naquele espaço, do qual surgem algumas contribuições, inclusive de estrangeiros presentes no local.


Na primeira sessão contamos com a presença de apenas uma criança e bastante jovens e adultos. Ainda assim, os intérpretes conseguiram transmitir a mensagem com êxito. No domingo (13), a espera é de que mais crianças assistam à produção.


"Realização de um sonho fazer um trabalho meu para os meus"

Formado em Artes Cênicas pela Unirio, Frederico Araújo concedeu uma pequena entrevista após a apresentação. Durante a conversa, Fred (como é comumente chamado) nos contou como entrou para esse projeto: “Eu entrei no projeto convidado pela Chloé (diretora e idealizadora). Já fiz um trabalho na Bélgica cinco anos atrás e foi nesse projeto que eu a conheci, porque ela também fazia parte da equipe”, contou ele.


De acordo com o ator, Chloé pensou nele como convidado quando o projeto começou a nascer em sua cabeça, pois já existia a vontade da ponte de intercâmbio cultural Brasil-Bélgica. Afinal, ela tem uma ligação muito forte com o nosso país.


O projeto anterior aconteceu quando Fred participou de um workshop no Rio de Janeiro ministrado por um diretor belga. No último dia do evento, foi convidado juntamente com uma atriz brasileira, chamada Flávia Naves, para o projeto desse mesmo diretor.


"O projeto nasceu a partir de um romance muito conhecido lá, chamado Jardim do Nada, do escritor Conrad Detrez. Tratava-se de uma adaptação coreográfica, imagética e sensorial. Contamos a história de um livro sem falar, foi muito performativo", lembrou o artista.

O tempo total de processo criativo, ensaios e temporada foi de cinco meses, sendo um mês e meio de apresentações. Logo, toda a preparação antes do lançamento durou cerca de quatro meses. A estreia aconteceu em 2014.


Mesmo sendo muito marcante esse momento para Frederico, a maioria das pessoas que conhece não pode apreciar o trabalho do jovem, já que a peça não veio ao Brasil e nem eles conseguiram ir até a Bélgica.


Com esse projeto acontecendo aqui, Fred conta que é a realização de um sonho fazer um trabalho seu para os seus. "Fico feliz, pois é a primeira vez que me vejo no papel de artista e produtor. Trabalho no FIL há muitos anos, sempre recebendo os grupos francófonos, pois trabalho com tradução, e essa é a primeira vez no FIL com meu próprio trabalho", revelou o artista.


É importante ressaltar que a equipe toda trabalha junta. A etapa preliminar aqui no país contou com uma parceria muito boa com a creche "Raízes do Salgueiro", localizada na comunidade do Salgueiro e com o "Instituto Tocando em Você", ambos no bairro da Tijuca. Foi realizada essa peça, porém com uma estrutura diferente, já que não tinha a presença de Amel.


Recentemente, houve outra visita à creche Jangada, no bairro do Cosme Velho (oportunidade mediada por Karen Acioly, idealizadora do FIL) e trabalharam com os bebês de lá.


A intenção é apresentar a peça na Bélgica, em maio de 2020 e depois voltar com o projeto bem consolidado daqui a um ano, novamente nesse festival.

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