Entre curiosidade e miados: a interatividade em G de Gato

Por: Sophia Santana, estudante de Jornalismo na UFRJ e observadora FIL

  “Você sabia que as raias são parentes dos tubarões? Pois é, os dois são cartilaginosos”. Com essa curiosidade, o narrador dá boas-vindas ao público do G de Gato. Antes mesmo das luzes se apagarem, a peça já acontece com a recepção do respeitável público. Ao chegarem em seus assentos, a plateia é abordada com cumprimentos e curiosidades aleatórias sobre diversos animais, despertando risos e espantos. Esse personagem narrador tem ânsia por compartilhar os seus conhecimentos conosco e, assim, ele cria um ambiente de confusão e curiosidade. Ao fundo, o elenco já está em cena e imersos em seus personagens, o que deixa tudo ainda mais instigante. Após os três sinais, três miados repetidos pelo público, a peça se inicia.

“Foi uma coisa que surgiu organicamente durante o processo, não existia esse personagem e surgiu porque a gente viu que teria esse espaço para quase um mestre de cerimônias”, disse o ator Gustavo Costa. Do improviso e da espontaneidade, essência viva do teatro, nasceu um personagem que introduziu o público à narrativa. Ele explica que a interação é essencial para criar a atmosfera de estranheza que marca o espetáculo e amacia os espectadores para o que vai vir a seguir.

Além disso, a escolha das curiosidades animalescas não foi por acaso. Revistas de ciência e natureza encontradas pelo grupo serviram de inspiração para as falas improvisadas e para esse jogo de descobertas que tem tudo haver com o G de Gato.

A interatividade é o elemento chave que diferencia o teatro de outras linguagens. Essa quebra da quarta parede transforma a plateia em cúmplice, proporcionando uma imersão completa. Entre o medo e o riso, entre o real e o imaginado, o público se torna um personagem invisível, que também ajuda a construir a história.