“Finalmente eu”: o carnaval como grito de liberdade

Por: Leticia Machado

   “Finalmente eu”, dirigido por Márcio Sal, deriva de um documentário interrompido sobre a música queer no Brasil. A produção foi engavetada na vigência do governo Bolsonaro, mas o diretor encontrou no curta uma forma de abordar uma mensagem de aceitação e libertação LBGTQIA +.

   Ambientado em um cenário melancólico, o filme apresenta a história de um senhor de idade ainda irreconhecível para si mesmo. Seu Saul vive aprisionado por um segredo que o impede de alcançar a felicidade. Entretanto, essa realidade começa a se transformar por meio da música e da celebração, associados à libertação e à autenticidade.

   Como parte do processo de autodescoberta, Seu Saul sente-se encorajado a externalizar e a aceitar sua verdade no Carnaval.  O curta é  autobiográfico. Márcio Sal mostra o protagonista experimentando  um sentimento de acolhimento que raramente havia  encontrado no

restante do mundo. Ao refletir sobre essa manifestação cultural e seu impacto social, ele

diz: “O carnaval é político pela própria natureza de ser um momento de extravasamento”.

   Com o objetivo de tornar o filme ainda mais íntimo e sensível, o diretor  uniu duas de suas paixões: a animação e a realidade virtual. Essa fusão possibilitou uma experiência imersiva que potencializou a narrativa, permitindo que o público não somente se compadeça com a história, mas também se reconheça em Seu Saul.

   A escolha por fazer do protagonista um senhor de idade foi fundamental para transmitir a

mensagem de que a busca pela autenticidade não está limitada pelo tempo, mas sim pelas

barreiras impostas pela própria mente.  “Finalmente eu” pretende falar da universalidade ao abordar o íntimo de seu personagem, conectando pessoas de todas as idades e culturas.

primeiros rascunhos e o resultado final do trabalho de Seu Saul