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Quando a história ganha som: o diálogo musical de Enreduana

  • Writer: Marcelly Dias
    Marcelly Dias
  • 2 days ago
  • 2 min read

Por: Karinne Xavier, curadora do FIL


Elenco: Camila Marliere e Leo Thieze
Elenco: Camila Marliere e Leo Thieze

Enreduana nos conta quem foi a primeira escritora conhecida da humanidade para mergulhar em suas poesias cantadas. Para amantes de música, é impossível sair sem se emocionar com as composições originais do musical.


O cenário é composto por diversos instrumentos musicais espalhados que são intercalados entre as canções. O diretor Roger Mello contou que a escolha dos instrumentos foi algo muito pensado, pois se sabe que há cerca de 4.300 anos, na Mesopotâmia, já se utilizavam a harpa e o sopro. No entanto, ele optou por acrescentar também percussão, acordeão e o piano, instrumentos que atravessaram épocas e conectam a música antiga à moderna. 


No palco há uma réplica da Harpa de Ur, um instrumento de 5 mil anos, feita por Fábio Mukanya. O musical deseja proporcionar uma imersão em sensações e conhecimento sobre o passado ao público.


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As canções originais e a direção musical são assinadas pelo compositor e maestro Tibor Fittel, que revelou ter construído todas as poesias e melodias com base no livro Enreduana, de Roger Mello, e em artigos acadêmicos. Na época retratada, as músicas possuíam melodias repetitivas, com ritmo constante e poucas variações. 


Tibor decidiu inovar, utilizando notas pedais (notas graves que permanecem enquanto outras harmonias se movem ao redor delas) se inspirando em escalas árabes e judaicas, compostas em tons graves para representar o seco do deserto, local onde a história se passa. Com essa escolha, ele cria a sensação de um som que ecoa no vasto espaço desértico, trazendo profundidade e solidão às canções. Tudo isso é feito sem deixar de lado as influências brasileiras, resultando em uma mistura de ritmos e melodias que dialogam com a história de Enreduana e a aproxima do Brasil. 


As composições levam o público a um lugar de estranhamento, um espaço que nos retira do comum e revela o novo, o intrigante, que nos faz admirar o desconhecido. Tibor faz uma jogada genial ao criar músicas contemporâneas que, em certos momentos, nos transportam de volta ao passado. No livro em que o musical se baseia, há uma citação que resume exatamente o encantamento que sentimos ao assistir o musical “Algo foi criado que ninguém antes criou.”

 
 
 

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1 Comment


Christiana Pinheiro
Christiana Pinheiro
2 days ago

Muito boa a matéria. Me senti imersa no musical, como se estivesse lá!

Deu até vontade de assistir.


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