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  • Caroline Simões

Suzanne Lebeau e o fascinante universo do teatro infantil

Por Caroline Simões


Karen Acioly e a convidada Suzanne Lebeau. / Fonte: canal do YouTube do FIL.


A 18º edição do Festival Internacional Intercâmbio de Linguagens (FIL) fez tanto sucesso que a programação ganhou mais um dia de apresentações. A mesa Saideira FIL aconteceu na segunda-feira (29/03) e contou com a ilustre presença de Suzanne Lebeau, autora canadense e um dos nomes mais importantes na produção de dramaturgia no teatro para crianças, e Karen Acioly, dramaturga e diretora do festival. Em cerca de uma hora e meia, elas proporcionaram ao público uma verdadeira aula sobre a escrita do teatro para crianças e jovens, repleta de valiosas reflexões e discussões sobre o tema.


Antes de iniciar o bate-papo, Karen recitou um trecho do poema Assurances, de Walt Whitman, em homenagem à convidada: “Não duvido que os interiores tenham outros interiores, que a visão tenha outra visão, que a audição outra audição, que a voz outra voz”. Ela pontuou que Suzanne representa o que os versos dizem: “A Suzanne é essa pessoa que faz com que a gente tenha outra visão, outra audição, outra voz”. Ou seja, ela ultrapassa as barreiras e faz com que possamos enxergar além do óbvio. Logo no começo, Lebeau já dava indícios de que realmente não seria apenas uma conversa trivial: “Karen, não conte comigo para dar qualquer resposta precisa, exata, ou qualquer luz sobre qualquer coisa, o que eu posso fazer, o que eu posso compartilhar com vocês (...) são mais perguntas”.


A partir da primeira pergunta de Karen, elas debateram sobre o devaneio e sobre como ele acontece nas crianças. Em seguida, a diretora apresentou um slide com algumas das principais obras de Suzanne, que compartilhou conosco um pouco de sua trajetória. A convidada contou que uma de suas maiores descobertas foi a de que não se deve olhar uma criança de cima para baixo, mas sim, abaixar para ver o mundo na mesma altura dos seus olhos. Em suas falas, ficou nítida a paixão por seu trabalho e o quanto ela se dedicou a aprender sobre o complexo mundo dos pequenos em sua carreira. É belo ver alguém tão comprometido em observar, analisar, ouvir e instigar a potência das crianças.


Karen revelou que, para ela, essa imagem representa as peças e as ideias que Suzanne rega durante toda sua vida.

Fonte: site do FIL.


Ao longo do bate-papo, as dramaturgas dividiram suas interpretações sobre a peça O Ogroleto e discutiram sobre as mentiras que os adultos contam para os pequenos. Já na reta final, elas abriram espaço para as perguntas do público e Suzanne comentou o fato de que em todos os seus textos é possível observar o gosto pelo conhecimento e pela paixão de ir além, e aprender. Ela também contou que o teatro é o local das crises, dos extremos, de falar de temas difíceis e revelou seu desejo de lutar pelas crianças que estão mergulhadas em situações injustas. Quando questionada sobre os principais desafios das novas gerações, ela revelou que vê no futuro a necessidade da procura da liberdade interior e da capacidade de se fazer escolhas éticas.


Suzanne Lebeau e Karen Acioly definitivamente encerraram o quadro Encontro de Saberes com maestria. A conversa foi um presente, não só para os amantes do universo do teatro infantil, mas para todos que veem a infância como algo único e nela enxergam infinitas possibilidades de aprendizado.



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